Encontro um outro artigo que me parece muito interessante e de particular interesse para clarificar algumas questões que desde o início deste blog têm sido por mim levantadas. Alguma curiosidade leva-me a manter estas pesquisas mas também a necessidade de encontrar respostas para as minhas questões.
Em a “Actividade Física e Desportiva na Gravidez”, artigo publicado no livro: A Grávida. TEDESCO JJ (Editor), São Paulo, ATheneu, pp. 59-81, 2000, é apresentado o impacto da actividade física sobre indicadores fisiológicos como sendo a potência aeróbia e anaeróbia, sendo que a primeira não difere na gestante durante a gravidez e 2-6 meses após o parto enquanto que a segunda pode ser incrementada pelo condicionamento físico. Relativamente à resposta dos batimentos cardíacos fetais ao exercício materno referem que exercícios progressivos que elevem a FC materna a 170 batimentos por minuto (bpm) não induz a stress fetal durante a gravidez saudável, a resposta é um aumento aproximado de 10 a 30 bpm que no caso de exercícios de alta intensidade ou mesmo extenuantes se mantém durante aproximadamente 30 minutos.
A temperatura corporal materna aumenta durante a prática desportiva levando a que a do feto aumente também pelo que poderá ser um motivo de preocupação e não deverá ser descurada esta parte.
O exercício extenuante terá efeitos directos no ganho de peso materno, no tamanho e área de superfície da placenta, peso fetal e desenvolvimento dos órgãos fetais. Apesar de escassas informações na área, referem que a prática de exercício físico extenuante durante a gravidez tem efeitos directos na redução do peso do feto no nascimento (fetos mais pequenos) e atraso do crescimento intra-uterino.
O fluxo sanguíneo uterino pode ser comprometido durante o exercício no entanto os autores referem que para chegar a hipoxia ou asfixia fetal, a diminuição desse fluxo deveria ser maior que 50%.
Neste, é referido que no caso de atletas de elite que mantiveram a sua actividade física durante a gravidez revelaram geralmente resultados favoráveis se bem que estas representem uma população restrita com grande tolerância ao esforço físico e acostumadas a intensidades de treino elevadas o que poderá ser um risco na medida em que podem desprezar sinais de sofrimento corporal continuando o exercício apesar do desconforto.
No artigo é feita referência aos benefícios psicológicos e sociais resultantes da actividade física regular na gestante o que me parece uma questão de grande interesse e que não deverá ser descurada, nomeadamente:
- Melhoria da auto-imagem;
- Melhoria da auto-estima;
- Melhoria da sensação de bem-estar;
- Diminuição da sensação de isolamento social;
- Diminuição da ansiedade e stress;
- Diminuição do risco de depressão.
O que no caso da mulher atleta que deixe subitamente a sua prática se torna mais relevante ainda na medida em que se vê impossibilitada de continuar a sua actividade desportiva regular; com tempo disponível que normalmente dedicava à sua prática; abdicando da companhia daqueles que a acompanhavam nos seus treinos, tudo isto associado à incerteza do futuro.
Neste artigo é referido ainda o recomeço da actividade física após o parto sendo que o mesmo vai depender da condição física da mulher que será tanto maior quanto menor o tempo que esteve afastada, o estado de saúde geral da mulher e das metas por ela propostas. A atleta/mãe pode retornar a actividades físicas leves já na primeira semana após o parto e ir aumentando progressivamente a sua intensidade.
A lactação não é incompatível com a actividade física moderada e ainda que se verifiquem pequenos mas significativos aumentos de lactato no leite materno o mesmo não tem relação directa com a aceitação do leite por parte do bebé, o volume e a qualidade da sua amamentação, conquanto a mãe não descure a sua hidratação e alimentação.
Uma nota importante relaciona-se com as questões do aborto espontâneo e o apresentado refere não existirem dados científicos que sugiram que qualquer nível de actividade física durante a gravidez possa induzir o aborto espontâneo assim como também não existem diferenças na incidência de aborto entre grávidas atletas e não atletas.
Para esclarecimentos mais detalhados, sugiro a consulta directa do artigo (título do artigo).
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